O região do Zêzere vai passar a colaborar com os técnicos da Unidade
de Cuidados na Comunidade Maria Dias Ferreira na divulgação de artigos sobre saúde. O primeiro artigo é do Enfermeiro André Cláudio Brás sobre os perigos do açucar.
Açúcar, um inocente veneno
A
quantidade de açúcar que as crianças ingerem, diariamente, é assustadora. Os
pais só identificam e valorizam a palavra "açúcar", mas é o mesmo se lhes chamarmos glícidos, dextrose,
maltose, frutose, xarope de milho. Estudos
recentes mostram que as crianças portuguesas começam a consumir doces em idades
precoces, a partir dos 12 meses. Aos 4 anos de idade mais de metade bebe
refrigerantes açucarados diariamente e 65% come doces todos os dias.
A
maioria das pessoas nem se dá conta da quantidade ingerida diariamente. Para
uma dieta de 2 mil calorias, a Organização Mundial de Saúde recomenda uma dose
máxima de 50 gramas de açúcar por dia (quatro colheres de sopa). Em Portugal, a
dose atinge, em média, os 96 gramas.
Além
do açúcar adicionado de livre, consciente e espontânea vontade ao café, ao
leite ou ao chá, há todo o açúcar oculto que a indústria alimentar insiste em juntar
aos alimentos. De modo a reduzir a ingestão de qualquer tipo de açúcar, o ideal
é escolher produtos não processados, com lista de ingredientes exclusivamente
naturais, sem ingredientes adicionados.
Ao
ingerirmos açúcar em demasia, poderão surgir diversos problemas, nomeadamente, cáries, fome insaciável, aumento de peso,
resistência à insulina, diabetes, falência hepática, cancro
do pâncreas, doenças cardiovasculares, hipertensão, doenças renais, declínio cognitivo e deficiências nutricionais.
Ao contrário dos produtos naturalmente doces, como a fruta, a sacarose entra de
rompante na corrente sanguínea, fazendo subir muito os níveis de glicose. Este
disparo obriga o pâncreas a produzir grandes quantidades de insulina (a hormona
que permite a absorção do açúcar pelas células), lidando com explosões de
energia, seguidas de cansaço que gera vontade de ingerir mais sacarose. Ao
longo do tempo este processo pode causar diabetes.
Em
termos neurológicos, o consumo de açúcar tem consequências mais nefastas do que
o tabaco. Todos os açúcares criam dependência. Se nos habituarmos a consumir
açúcar e a ter prazer pelo açúcar, há modificações no organismo que fazem com
que se passe a ter mais tendência para a ingestão de açúcar.
No sentido de diminuir a ingestão de
açúcar existem algumas medidas que poderão ser eficazes:
·
Beber água. Muitas vezes a desidratação leva ao
desejo de comer doces;
·
Comer fruta. Podem travar a ânsia de ingerir
produtos mais açucarados;
·
Fazer exercício. Reduz a vontade de ingerir açúcar
para além de outros benefícios;
·
Não comprar doces. Desse modo não cairá na tentação de
os consumir;
·
Comer várias vezes ao dia. Se isso não acontecer, os níveis de
açúcar começam a baixar e a necessidade consumir doces começa a aumentar;
·
Dormir bem. Um sono pouco reparador pode levar à
procura de alimentos doces para obter energia rápida e combater o cansaço.
André
Cláudio Brás
Enfermeiro
Especialista em Enfermagem Comunitária
Unidade
de Cuidados na Comunidade Maria Dias Ferreira